terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A raposa


Foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia – disse a raposa.

- Bom dia – respondeu o principezinho com delicadeza. Mas ao voltar-se não viu ninguém.

- Estou aqui – disse a voz -, debaixo da macieira…

- Quem és tu? – disse o principezinho. – És bem bonita…

- Sou uma raposa – disse a raposa.

- Anda a brincar comigo – propôs-lhe o principezinho. – Estou tão triste…

- Não posso brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou.

- Ah! perdão – disse o principezinho.

Mas, depois de ter refletido, acrescentou: – Que significa “cativar”?

- Tu não deves ser daqui – disse a raposa. – Que procuras?

- Procuro os homens – disse o principezinho. – Que significa “cativar”?

- Os homens – disse a raposa – têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?

- Não – disse o principezinho. – Ando à procura de amigos. Que significa “cativar”?

- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Significa “criar laços…

- Criar laços? -

Isso mesmo – disse a raposa. – Para mim, não passas, por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti. não passo de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo para ti…

- Começo a compreender – disse o principezinho. – Existe uma flor.., creio que ela me cativou.

- É possível – disse a raposa. – Vê-se de tudo à superfície da Terra…

Antoine de Saint-Exupéry. O Principezinho

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