segunda-feira, 11 de maio de 2015

Perdoar...





Adam Riklis era um sobrevivente do Holocausto. Depois que toda sua família foi assassinada pelos nazistas e ele suportou provações difíceis, em três campos de concentração, agarrou-se mais à sua fé.

Intimamente, prometeu que ensinaria aos filhos a religião dos seus pais. Por isso, teve paciência quando seu filho de dezenove anos abandonou a faculdade, largou o emprego e disse que iria para a Índia, em busca de iluminação.

Mas, quando o filho desprezou a fé judaica, Adam não suportou e o expulsou de casa. Trocaram palavras duras e o filho viajou.

Seis anos depois, Joey, o filho, encontrou um amigo que lhe informou que seu pai morrera há dois meses. Ninguém o avisara porque ele nunca havia mandado o endereço para a família.

Joey teve um choque. Acreditou que seu pai morrera, não de um ataque do coração, mas do coração partido. E fora ele quem partira o coração do velho pai.
Resolveu tomar um avião e ir a Israel. Foi a Jerusalém, comprou um livro de orações. Imitando os movimentos dos outros, encostou a cabeça na pedra lisa do muro das lamentações e começou a orar.

De repente, viu-se a falar com seu pai: como ele desejaria poder pedir perdão. Como queria poder dizer que sempre o amou.

Olhando para o lado, observou que as pessoas escreviam pedidos em pedacinhos de papel e colocavam nas fendas do muro.

Escreveu um bilhete ao pai, pedindo perdão e começou a procurar uma fenda onde pudesse colocar sua mensagem. Foi difícil. Há tantos anos, tantos fazem isso que todos os buraquinhos do muro estavam lotados.

Finalmente, ele achou um cantinho para colocar o seu papel. Mas, quando tentou, o que conseguiu foi derrubar o papel de outra pessoa que havia deixado ali seu pedido escrito.

Ai, não. Tirei do lugar o papel de outra pessoa, pensou.

Começou a procurar um outro lugarzinho para devolver aquela mensagem. Foi então que uma grande curiosidade tomou conta dele e resolveu abrir o bilhete.

E leu o seguinte: 

Meu querido filho Joey. Se, por acaso, um dia você vier a Israel e vier até este muro, espero que possa encontrar este bilhete.

Quero dizer que sempre o amei. Mesmo quando você me magoou, continuei amando. Eu o perdoo por tudo e espero que você também possa perdoar um velho bobo. Seu pai, Adam Riklis.

A prece de Joey acabava de ser atendida.

*   *   *

Não esperemos que a morte leve o ser amado para verificar que o melhor é sempre desculpar, perdoar e estar juntos.

Não deixemos o pedido de desculpas para amanhã. Não adiemos a possibilidade de abraçar, conviver, amar.

Não permitamos que desavenças geradas por palavras grosseiras, ditas em momentos de intranquilidade e desequilíbrio, nos afastem daqueles que são nossos afetos.

Se você descobrir agora que um amigo, um amor tem algo a reclamar de você, levante-se e vá ao encontro dele. Ofereça o seu abraço, o seu sorriso e recomece a desfrutar da amizade, do amor, que são alimento para o Espírito.


Redação do Momento Espírita, com base em fato do livro Pequenos milagres, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Sextante.
Em 26.10.2011.


3 Pedidos...



PERTO DE MORRER, UM HOMEM FEZ 3 PEDIDOS: 

1) Que seu caixão fosse carregado pelos melhores médicos da época.

2) Que os tesouros que tinha, fossem espalhados pelo caminho até seu túmulo.

3) Que suas mãos ficassem no ar, fora do caixão e a vista de todos.


Alguém surpreso, perguntou: Quais são os motivos?

Ele respondeu:

1) Eu quero que os melhores médicos carreguem meu caixão, para mostrar que eles não têm o poder de curar na face da morte. 

2) Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros, para que todos possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui ficam.

3) Eu quero que minhas mãos fiquem para fora do caixão, de modo que as pessoas possam ver que viemos com as mãos vazias, e saímos de mãos vazias, para morrer você não leva nada material...

"TEMPO" é um tesouro precioso que nós temos. Podemos produzir mais dinheiro, mas não mais tempo!


O melhor presente que você pode dar a alguém é o seu tempo! Dedique mais do seu tempo para Deus...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Convite

Não me interessa o que você faz pra viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.

Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria parecer que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa que planetas estão em quadratura com a sua lua.

Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.

Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.

Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro consigo mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.
Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não é bonito, todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida em sua presença. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: “Sim!”.

Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito para as crianças.

Não me interessa quem você é, como chegou até aqui. Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.

Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da companhia que tem nos momentos vazios.

Oriah Mountain Dreamer

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Um amor Verdadeiro

"O amor não vive de teorias, o amor tem que ser dito, mais que isso, tem que ser demonstrado. 

Mas só o amor não basta, acredito que para um relacionamento dar certo, além do amor, é necessário a combinação de 4 outros sentimentos: amizade, respeito, fidelidade e confiança. 

Amizade, porque um casal antes de tudo tem que ser amigos, ter cumplicidade, ter companheirismo, ter intimidade pra falar sobre todos os assuntos, ter uma boa conversa é essencial, saber falar e ouvir o outro, afinal, é conversando que a gente se entende. 
Respeito, porque respeito é bom e todo mundo gosta, é clichê eu sei, mas é a mais pura verdade, tem que ter admiração pelo o que a outra pessoa é, respeitar, aceitar e entender que todo mundo tem suas diferenças e seus defeitos. 
Fidelidade é essencial, nenhum relacionamento sobrevive à traições, não me refiro à apenas "traições sexuais", beijar ou transar com outra pessoa, existe outras formas de traições, enganar e mentir é uma delas, ser fiel é questão de caráter, e caráter você tem, ou não. 
E por último confiança, afinal, não adianta nada você ser completamente fiel, se a outra pessoa não confia, não acredita em você. Confiar pra contar segredos, confiar pra pedir ajuda, confiar pra deixar a pessoa sem medos, sem receios. 
amor por si só não basta, ele precisa de algo à mais, uma base pra sustentá-lo, uma segurança extra, da mesma forma que falar apenas não basta, o amor não sobrevive à teorias, o amor tem que ser provado na prática, quando a outra pessoa sabe que é amada porque você fala, e sente-se amada porque você demonstra. 

Amar não é fácil, mas ser amável é bem mais difícil. Ainda acredito que exista amores eternos, desses que o tempo não apaga, não separa, não destrói, mas para isso ambas as partes tem que ter maturidade o suficiente pra saber que dias ruins sempre virão, e que não vale à pena sacrificar todos os momentos bons por causa de uma crise, brigas fazem parte do relacionamento; que sinceridade é essencial e que uma boa conversa às vezes ajuda muito; que sexo é bom, mas não é tudo em uma relação, não dá pra resolver todos os problemas indo pra cama, amor nem sempre é jogo de sedução; mas principalmente a pessoa tem que querer ficar, sem medos, sem bloqueios, sem armaduras, tem que querer ficar mesmo com brigas, com diferenças, com falta de dinheiro, tem que querer ficar e aguentar o tranco, segurar firme a barra e nunca pensar em desistir e ir embora, tem que querer ficar porque o amor é mais forte que tudo isso, porque os momentos bons compensa as fases ruins, porque sabe que amar não é fácil, e mesmo assim é a melhor coisa que podia ter acontecido na sua vida. 

 Desconheço o autor

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Sucesso consiste em não fazer Inimigos



Nas relações humanas no trabalho, existem apenas 3 regras: 

Regra número 1:


Colegas passam, mas inimigos são para sempre. A chance de uma pessoa se lembrar de um favor que você fez a ela vai diminuindo à taxa de 20% ao ano. Cinco anos depois, o favor será esquecido. Não adianta mais cobrar.
Mas a chance de alguém se lembrar de uma desfeita se mantém estável, não importa quanto tempo passe.
Exemplo: Se você estendeu a mão para cumprimentar alguém em 1999 e a pessoa ignorou sua mão estendida, você ainda se lembra disso em 2009.

Regra número 2:

A importância de um favor diminui com o tempo, enquanto a importância de uma desfeita aumenta. Favor é como um investimento de curto prazo. Desfeita é como um empréstimo de longo prazo. Um dia, ele será cobrado, e com juros. 

Regra número 3:

Um colega não é um amigo. Colega é aquela pessoa que, durante algum tempo, parece um amigo. Muitas vezes, até parece o melhor amigo. Mas isso só dura até um dos dois mudar de emprego. Amigo é aquela pessoa que liga para perguntar se você está precisando de alguma coisa.
Ex-colega que parecia amigo é aquela pessoa que você liga para pedir alguma coisa, e ela manda dizer que no momento não pode atender. 

Durante sua carreira, uma pessoa normal terá a impressão de que fez um milhão de amigos e apenas meia dúzia de inimigos. Estatisticamente, isso parece ótimo. 
Mas não é! 
 
A "Lei da Perversidade Profissional" diz que, no futuro, quando você precisar de ajuda, é provável que quem mais possa ajudá-lo é exatamente um daqueles poucos inimigos. 

Muito cuidado ao tentar prejudicar um colega de trabalho; 
Amanhã ou depois você pode depender dele para alguma coisa! 

Portanto, profissionalmente falando, e "pensando a longo prazo, o sucesso consiste, principalmente, em evitar fazer inimigos. 
Porque, por uma infeliz coincidência biológica, os poucos inimigos são exatamente aqueles que têm "boa memória”. 

"Na natureza não existem recompensas, nem castigos. 


Existem conseqüências."

domingo, 25 de novembro de 2012

Há quem interessar possa...



Nesta noite chuvosa, venho aqui informar que não tenho dedicado muito tempo a este cantinho, entretanto como as ondas do mar que vão e veem quero que saibam que não me afastarei totalmente, ainda que não possa aqui estar diariamente, vez por outra aparecerei...

Momentos há em que o silêncio fala mais alto e profundamente que mil palavras...

Beijos a vocês pessoas lindas!

Wilkatia Vieira

sábado, 10 de novembro de 2012

"O que valeu a pena hoje?"




Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme… 
Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro “O Amor Acaba”, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente. Eu tenho, há anos, isso como lema. É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. 
Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente. 

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: 
ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida. Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado. Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes. Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim. 

Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que
amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria. 
Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele. Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar. 
Na sexta, o dia não partiu inutilmente, só por causa de um cachorro-quente. 

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo,
um instante especial que acaba compensando 24 horas banais. Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado. 

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica. É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã…


Martha Medeiros 

Silêncio




Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos.

Oscar Wild


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Heróis de verdade


Em Heróis de verdade, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
Camilo Vannuchi
Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”

Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
Istoé - O sr. citaria exemplos? 
Roberto Shinyashiki - Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
Istoé - Qual o resultado disso?
Roberto Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

Istoé - Por quê?
Roberto Shinyashiki - O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

Istoé - Há um script estabelecido?

Roberto Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa O aprendiz?

“Qual é seu defeito?” Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.”

É exatamente o que o chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?

É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse:

“Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

Istoé - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Roberto Shinyashiki - Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.

Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.

Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

Istoé - Está sobrando auto-estima?

Roberto Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.

Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.

As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim.

Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

Istoé - Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Roberto Shinyashiki - Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.

O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.”

Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.

A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

Istoé - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Roberto Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.

A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

Istoé - É comum colocar a culpa nos outros?

Roberto Shinyashiki - Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder.

Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.

Istoé - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Roberto Shinyashiki - Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui.

Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.

Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

Istoé - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Roberto Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas.

A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.

Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.

Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.

Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

Istoé - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Roberto Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade.

A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.

A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.

” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo.

Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.”

Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.

Istoé - O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?

Roberto Shinyashiki - Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.

Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.

” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis.

Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos.

Roberto Shinyashiki

Silêncio





Mas - como era antes o meu silêncio, é o que não sei e nunca soube.

Às vezes, olhando um instantâneo tirado na praia ou numa festa, percebia com leve apreensão irônica o que aquele rosto sorridente e escurecido me revelava: um silêncio.

Um silêncio e um destino que me escapavam, eu, fragmento hieroglífico de um império morto ou vivo.

Ao olhar o retrato eu via o mistério. Não. Vou perder o resto do medo do mau-gosto, vou começar meu exercício de coragem, viver não é coragem, saber que se vive é a coragem - e vou dizer que na minha fotografia eu via O Mistério.

A surpresa me tomava de leve, só agora estou sabendo que era uma surpresa o que me tomava: é que nos olhos sorridentes havia um silêncio como só vi em lagos, e como só ouvi no silêncio mesmo.


Clarice Lispector