domingo, 6 de março de 2011

Soneto de Fidelidade


De tudo ao MEU AMOR serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.



Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.



E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama



Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes






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Temo que neste mundo não exista nenhuma pessoa que seja merecedora, do meu amor, do meu respeito, da minha amizade ou de qualquer sentimento puro que traga dentro de mim.
Temo ficar só, por não mais acreditar nas pessoas. Temo este temor e espero que um dia esta terrível sensação passe.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

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