sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Estratégias Mentais



O que você deve fazer de dentro para fora... 


1. Pense sempre, de forma positiva. Toda a vez que um pensamento negativo vier à sua mente, troque-o por outro! Para isso, é preciso muita disciplina mental. Você não adquire isso da noite para o dia, assim como um atleta, treine muito. 



2. Não tenha medo de nada e nem de ninguém. O medo é uma das maiores causas de nossas perturbações interiores. Tenha fé em você mesmo. Sentir medo é acreditar que os outros são poderosos. Não dê poder ao próximo.



3. Não se queixe. Quando você reclama, tal qual um imã, você atrai para si toda a carga negativa de suas próprias palavras. A maioria das coisas que acabam dando errado começa a se materializar quando nos lamentamos.


4. Risque a palavra "culpa" do seu dicionário. Não se permita esta sensação, pois quando nos punimos, abrimos nossa retaguarda para espíritos opressores e agressores, que vibram com a nossa melancolia. Ignore-os.


5. Não deixe que interferências externas tumultuem o seu quotidiano. Livre-se de fofocas, comentários maldosos e gente deprimida. Isto é contagioso. Seja prestativo com quem presta. Sintonize com gente positiva e alto astral.


6. Não se aborreça com facilidade e nem dê importância às pequenas coisas. Quando nos irritamos, envenenamos nosso corpo e nossa mente. Procure viver com serenidade e quando tiver vontade de explodir, conte até dez.


7. Viva o presente. O ansioso vive no futuro. O rancoroso, no passado. Aproveite o aqui e o agora. Nada se repete, tudo passa. Faça o seu dia valer a pena. Não perca tempo com melindres e preocupações, pois só trazem doenças.


Estratégias Físicas (o que você deve fazer de fora para dentro)

1. A água purifica. Sempre que puder vá à praia, rio ou cachoeira. Em casa, enquanto toma banho, embaixo do chuveiro, de olhos fechados, imagine que seu cansaço físico e mental e toda a carga negativa estão indo por água abaixo.


2. Ande descalço quando puder, na terra de preferência. Em casa, massageie seus pés com um creme depois de um longo dia de trabalho. Ou escalde-os em água morna. Acrescente um pouco de sal grosso para se descarregar.


3. Mantenha contato com a natureza, tenha em sua casa um vaso de plantas pelo menos. Cuide dele com carinho. O amor que dedicamos às plantas e animais acalma o ser humano e funciona como um relaxante natural.


4. Ouça músicas que o façam cantar e dançar. Seja qual for o seu estilo preferido, a vibração de uma canção tem o poder de nos fazer nos sentirmos vivos, aflora a nossa emoção e abre o nosso canal com a alegria.


5. Queime um incenso de vez em quando e purifique o seu ambiente. Prefira fazê-lo na sua casa e aproveite para meditar, respirar profunda e pausadamente, como se fosse uma ginástica mental. A mente também precisa de exercícios.


6. Sinta o aroma das flores e dos perfumes sempre que tiver uma oportunidade. Muitas sensações de conforto se originam num simples ato de inspirarmos delicadamente fragrâncias sutis e agradáveis.


7. Liberte-se! Sempre que puder livre-se da rotina e pegue a estrada, nem que seja por um único dia. Tem efeito revigorante para qualquer ser humano. Conheça novos lugares e novas pessoas periodicamente. Viva a vida!


Autoria desconhecida

Folha em branco



Certo dia, eu estava aplicando uma prova; os alunos, em silêncio, tentavam responder as perguntas com uma certa ansiedade.

Faltava uns 15 minutos para o encerramento quando um aluno levantou o braço, dirigiu-se a mim e perguntou se eu podia lhe dar uma folha em branco.

Levei a folha até sua carteira e perguntei porque queria mais uma folha em branco.

Ele esclareceu que tentando responder as questões, havia rabiscado tudo, fazendo uma confusão danada; portanto, queria começar outra vez.

Apesar do pouco tempo que faltava, confiei no rapaz, dei-lhe a folha em branco e fiquei torcendo por ele.

Aquela sua atitude causou-me simpatia.

Hoje, lembrando aquele episódio simples, comecei a pensar quantas pessoas receberam uma folha em branco, que foi a vida que DEUS lhes deu até agora, e só têm feito rabiscos, confusões, tentativas frustradas, enfim, total desencontro.

Acho que, agora, seria um bom momento para se pedir a DEUS uma folha em branco, uma nova oportunidade para ser feliz.

Assim como tirar uma boa nota depende exclusivamente da atenção e esforço do aluno, uma vida boa também depende da atenção que damos aos ensinamentos do professor nosso DEUS.

Não importa qual seja sua idade, condição financeira, religião, etc...

 Levante o braço, peça uma folha em branco, passe sua vida a limpo.

Não se preocupe em tirar 10 (dez), ser o melhor; preocupe-se apenas em ter a simpatia do Mestre.

 Ele está mais interessado em quem pede ajuda, portanto, só depende de você.
Desconheço o autor.

"A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos
O quadro é único, a moldura é que é diferente."

Florbela Espanca

Lua Adversa


                                                                      Foto: Daniel Casares

Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha! 
 
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.


E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...). 
 
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua... 
 
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles, in 'Vaga Música'

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Esquadros

Foto - Daniel Cosares Roman


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome...

Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve.

E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora...

Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar!

O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone.

E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? 
Quem é ela?

Eu vejo tudo enquadrado!
 
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?

As crianças correm
Para onde?

Transito entre dois lados
De um lado

Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro

Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? 
Quem é ela?

Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
 
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? 
Quem é ela?

Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?

Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? 
Quem é ela?
 
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

domingo, 25 de dezembro de 2011

A Arte da Guerra


"O general tem, pois, cinco traços de caráter perigosos:

Quem se compromete a morrer pode ser assassinado.

Quem se compromete a viver pode ser capturado.

Quem facilmente se exaspera e se precipita para agir pode ser insultado.

Quem é obcecado por ser escrupuloso e imaculado pode ser humilhado.

Quem ama o povo pode encontrar problemas."



Sun Tzu

DESEJO A TODOS HOJE E SEMPRE !!


AMOR – Sem Limite.
 
 
SAÚDE – Em Abundância.
 

DINHEIRO – O Suficiente para que não sinta a falta dele. 

 
SENSIBILIDADE – Para não ficar indiferente diante das belezas da vida.


 
 
CORAGEM - Para colocar a timidez de lado e poder realizar o que tem vontade.
 
 
SOLIDARIEDADE - Para não ficar neutro diante do sofrimento da humanidade.

BONDADE – Para não desviar os olhos de quem te pede uma ajuda.
 

TRANQUILIDADE - Para quando chegar ao fim do dia, poder deitar e dormir o sono dos justos.

 
ALEGRIA - Para você distribui­-la, colocando um sorriso no rosto de alguém.
 

HUMILDADE - Para você reconhecer aquilo que você não é.

 
AMOR PRÓPRIO  - Para você perceber suas qualidades e gostar do que vai por dentro.
 

SINCERIDADE  - Para você ser verdadeiro, gostar de você mesmo e viver melhor.
 

FELICIDADE - Para você descobri - lá, dentro de você e doa-lá, a quem precisar.



ESPERANÇA - Para fazer você acreditar na vida e se sentir uma eterna criança.


SABEDORIA - Para entender que  o Bem existe, o resto é ilusão.
 

QUE DEUS ESTEJA SEMPRE PRESENTE EM SUA VIDA E EM SEU CORAÇÃO, ILUMINANDO TEUS PASSOS!

 
TENHA FÉ
 
FELIZ NATAL!

A Lista




É Natal gente! Desejo a todos, que o Amor e a Paz possa reinar em seus corações. Desejo que sonhos se realizem e que a Ano que vem seja mil vezes melhor que este. Desejo que todos possam refletir sobre o verdadeiro sentido da vida e da palavra amar...
Abaixo uma canção que gosto muito e que espero que vocês também gostem.

Feliz Natal!!!!


Faça uma lista de grandes amigos!!

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia?

Quantos você já não encontra mais?

Faça uma lista dos sonhos que tinha...

Quantos você desistiu de sonhar?

Quantos amores jurados pra sempre!!

Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece?

Na foto passada ou no espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou que seria?

Quantos amigos você jogou fora

Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender?

Quantos defeitos sanados com o tempo

Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava

Quantas você teve que cometer?

Quantas canções que você não cantava

Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber...

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você.

Oswaldo Montenegro

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

SIMPLY AMAZING !


Gente, é muitooo legal, clique aí e desfrute de pura emoção!

Espero que gostem! Respirem fundo!

Tocando em Frente

                                                                                    Foto: Daniel Casares Ramon


Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais...

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei...

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir!
 
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente!

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou...

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir!

Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora


Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz!!

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir...
É preciso a chuva para florir!

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais


Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz!!

Almir Sater

Conto Moderno...


Era uma vez... numa terra muito distante... uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.

Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...

Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.

Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.

Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.

A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...

Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!!!!

Luís Fernando Veríssimo

Felicidade clandestina

                                   Foto:Daniel Casares Roman 

O Primeiro Beijo

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
 
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
 
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
 
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
 

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
 

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
 
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

 
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
 

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

São Paulo, Ed. Ática, 1996.


Clarice Lispector